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  • Foto do escritorAdriel Alves

Eu, Robô


“Eu temo o dia em que a tecnologia ultrapasse nossa interação humana, e o mundo terá uma geração de idiotas”, é, Einstein, ainda bem que você não chegou ao nosso tempo! Este dia fatídico talvez estivesse mais próximo do que você imaginava, não tão distante do outrora futurístico ano 2000, como reforçava o filme 2001: Uma Odisseia no Espaço e outras obras literárias e cinematográficas.


Isaac Asimov criou, em sua obra “Eu, Robô”, as leis da robótica; uma delas me chamou a atenção: um robô não pode fazer mal a um ser humano e, nem por omissão, permitir que algum mal lhe aconteça. Asimov escreveu isto numa época em que os robôs ainda usavam fraldas. Qual seria a percepção dele ao ver que hoje em dia as máquinas fazem tão parte do cotidiano quanto o café da manhã? O que ele pensaria ao saber que os computadores do tamanho de um quarto tornaram-se pequenas fatias retangulares com comando de voz e tela sensível ao toque? Que diria ele se nos visse dominados por aparelhos minúsculos? Bem-vindo ao futuro! Sim, me refiro aos nossos queridos companheiros, os pequenos andróides, ou melhor smartphones, e que, talvez, eles estejam ferindo esta primeira lei da robótica; não que eles explodam em nossas mãos (a não ser que seja um xing ling), nem que emitam radiação e causem câncer cerebral, mas em razão de sua dependência.


Lembro que, em meu tempo, quando não havia telefones inteligentes e os clássicos e indestrutíveis tijolões eram artigo de luxo, as pessoas ficavam jogadas ao acaso: Ah, meu Deus! Fulana de tal marcou o encontro para depois da missa e ainda não apareceu, e agora, Jesus? ou Cadê o menino, Josué? Tu num avisou para ele ontem que era para esperar a gente no portão da escola meio dia? Agora vou ter que rodar o colégio todo para achar ele. A vida sem celular não era fácil e com ele ficou fácil demais.


Virou pitoresca a imagem do celular na cabeceira, antes eram livros, virou coisa comum pegar desesperadamente o aparelho quando toca o sonzinho de mensagem, quase como um gesto inconsciente; mais ordinária ainda a cena dos amigos em confraternização em festas e restaurantes com as caras iluminadas pela luz do celular de olhos vidrados, segura essa Einstein!


Não sou nenhum anti-tecnologia, muito pelo contrário. Passo grande parte do meu dia com a bunda sentada em uma cadeira e com as costas tortas em frente a um notebook. Cresci na companhia do computador e acompanhei de perto os avanços tecnológicos, ganhei até um par de óculos devido a esta intensa convivência! No entanto, convenhamos, vivemos numa era de excessos virtuais e na moda da globalização da intimidade.


O que não falta na internet são vídeos e fotos picantes vazando, é selfie dormindo, selfie acordando, selfie service, foto do almoço, do lanche, do jantar… A intimidade globalizou. Não que seja de todo mal esse compartilhamento, pode até ser saudável na medida certa.


Olha isso, uma pesquisa da Universidade de Virginia propôs a um grupo de pessoas que passassem 15 minutos sozinhos numa sala sem seus queridinhos smartphones. Se eles manipulassem o celular levariam um choque. Adivinha o que aconteceu? Grande parte dos cobaias não aguentaram todo esse tempo longe do aparelho e foram eletrocutados. Os telefones móveis deixaram de ser objeto e viraram órgão do corpo humano, tão indispensável quanto seu pâncreas.


Para completar, a Google desenvolveu um aplicativo chamado Google Now, mais um passo para deixar-nos mais robóticos, o programa busca fazer atividades por nós antes mesmos de pensarmos em fazê-las. Tipo, você tem um voo para tal dia, quando chegar a data do voo, o aplicativo buscará fazer o máximo de coisas possíveis para auxiliá-lo antes mesmo de você pensar em fazer. Será era mesmo necessário esta automatização? E nosso cérebro, vai para a cucuia? E o sedentarismo, e a saúde, e a obesidade?


Espero que o futuro não seja feito de Eu, robô, Nós, robôs ou Tu, robores. Espero um futuro mais humano, mais natural, mais improvisado e menos programado. Asimov, acho que deviam criar as leis da humanística, não é? Pois o problema é que o problema não está nos seres de lata (pelo menos por enquanto) e sim em nós, pessoas, de carne e osso e sentimentos.

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