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Resenha: Origem de Dan Brown


Resenhado Livro Origem de Dan Brown por Adriel Alves
Livro Origem de Dan Brown

Em Origem, nos encontramos de novo com o simbologista Robert Langdon, desta vez viajamos com ele para a Espanha, mais especificamente para Barcelona. É lindo conhecer novos lugares através da literatura, eis o maior poder de um livro, viajar sem sair do lugar. Conhecemos através da página desta obra alguns dos incríveis feitos da arquitetura como o Museu Guggenheim Bilbao e sua icônica e enorme aranha de metal; a inacabada, secular e misteriosa igreja Sagrada Família, obra-prima do arquiteto Antoni Gaudí, com previsão de ser terminada somente em 2026; bem como a famosa Casa Milà, que não possui nenhuma linha reta em sua estrutura, afinal, como dizia Gaudí: “não há linhas retas ou cantos afiados na natureza, portanto, os edifícios não devem ter linhas retas ou cantos afiados”.

Outro encanto nas obras do Dan Brown além das ótimas descrições arquitetônicas, são o foco no tema central do livro, sempre relacionado à simbologias, conspirações que mesclam fatos e mitos, organizações secretas ou mesmo conhecidas, e, no caso de Origem, a tecnologia. É admirável o estudo que o autor faz antes de escrever, nem imagino a trabalheira por trás de seus textos, sair consultando especialistas, fuçando enormes bibliotecas, visitando cidades e conhecendo sua cultura e arquitetura... Como sabemos, Dan Brown nos traz muitas surpresas ao usar um tema como plano de fundo de sua obra, ficamos maravilhados ao aprender sobre tantas curiosidades. Porém, no caso de Origem, senti que o tema, qual seja, inteligência artificial e o conflito ciência versus religião, não foi devidamente explorado e aprofundado, apesar de ser prazeroso descobrir durante a leitura alguns feitos tecnológicos já sendo utilizados em nosso cotidiano.

Dessa vez, a trama se desenrola ao redor da figura central do livro, o futurólogo Edmond Kirsch, que descobriu, através da tecnologia, a resposta para a famosa pergunta: “De onde viemos? Para onde vamos?”. Ao arquitetar a sua impactante apresentação que mudará para sempre o futuro da humanidade, Edmond acaba chamando a atenção de autoridades e organizações poderosas que pretendem fazer de tudo para impedi-lo. Robert Langdon, amigo de longa data do futurólogo, acaba se enroscando numa intricada rede de caos e turbulências, incumbindo-se da tarefa de impedir que o grande trabalho da vida de Kirsch seja perdido para sempre.

A impressão que tive, ao ler, até agora, as obras do Dan Brown, é que o Robert Langdon é uma espécie de alter ego do autor, que ele usa para explorar e se divertir com seus temas prediletos, uma espécie de hobby, sem se preocupar com profundidades, o que torna esse personagem raso e, consequentemente, torna a obra rasa também. Vemos aqui mais do mesmo, conspirações por trás de grandes organizações, assassinos e mandantes, simbologias, conflito entre ciência e religião… Robert outra vez tem uma parceira feminina, a qual sabemos será esquecida em sua próxima aventura. Este talvez seja o maior pecado de séries de livros com o mesmo personagem, eles acabam perdendo a identidade, a cada obra é como se tudo que aconteceu em outras aventuras nunca tivesse acontecido, o personagem não acumula bagagem, o que deixa tudo tão surreal que é desgostoso.

Origem é um livro divertido, com certeza é entretenimento garantido, ótimo para passar o tempo. No entanto, fique advertido de que suas expectativas não serão supridas, o que verá será apenas mais um Código Da Vinci, outro Anjos e Demônios, outro O Símbolo Perdido… A mesma obra com uma roupagem diferente, agora um pouco menos atada ao passado e com um pé no futuro. Leia sabendo que nada vai mudar dessa vez, nenhuma mudança radical, Dan Brown ainda está relaxado em sua zona de conforto, não quer mexer na sua receita de sucesso. É um desperdício de talento, uma vez que ele escreve tão bem e suas linhas fluem na velocidade da luz. Que ele ouse da próxima vez, a esperança é a última que morre, e os leitores já estão cansados desta velha fórmula.


“As religiões das trevas partiram e reina a doce ciência” - William Blake.

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